Ouro dos tolos

Que tolice a minha.

É uma tolice pensar na pirita encontrada,
e em como ela poderia ter sido lapidada,
pois ela escapou das minhas mãos na cachoeira.

Hoje é apenas uma memória,
memória do que foi em outrora,
e do que poderia ter sido.

Esse sentimento não existe mais,
e mesmo após uma translação completa,
por que não consigo seguir em frente?

Mesmo com um novo jardim,
Com novas estações,
Com outras melodias,
a soma dos vetores continua dando zero.

Ninguém merece sofrer tanto assim.
E o que me restou foi o ouro dos tolos,
ou melhor,

Amor dos tolos.

O lobo e o girassol

Segue o sol, girassol.

O sol é seu refúgio, a quem ela recorre quando necessita de respiro e conforto.
Raio tangencial de luz ela acompanha, essa luz incide e traz a luz da vida.

Retira-se o lobo dos raios de luz.
No amanhecer no leste, ele está focado no oeste, e no despedir do dia, virasse contra o astro.

Belíssimo girassol, por ser quem é, atrai por sua beleza.
Ao passo do lobo que afasta quem se aproxima,
mas busca uma redenção tão grande quanto seus atos pútridos.

O tempo sempre passa,
mas nem sempre o tempo cura.

Quem podia imaginar que um lobo, carregando consigo o opróbrio de suas ações, pudesse ser encantado pelo girassol.

De todos os anos vividos, acompanhar a tradição do girassol lhe parecia a atitude correta.

Casa limpa

É uma longa história,
nelas geralmente o vilão sou eu,
mas bata com força, coração, desta vez é diferente.
Já faz parte da vida ter falhas,
mas a calma e sinceridade dominam o espírito.
Longe daqui desrespeito! Você já não entra em casa.
Iniciada a reforma, a casa mudou de endereço,
agora tem um clima quente, diferente do padrão da antártica.

O amanhã meio-dia sempre chega,
e a manutenção da casa está em dia.
A louça está seca e não escorre mais,
finalmente a roupa suja foi lavada,
a cama é arrumada e traz conforto.
Tudo está claro e limpo como deveria ser.
É hora de tirar o lixo,
lixo de memórias.

Estação

O que o futuro nos reserva?
Vi o desabrochar de um ipê no jardim.
Como veio ao mundo, parecia tão próximo.
Escarlate era o tempo de revolta,
o outono chegou junto com o distanciamento.

As estações mudaram o ipê.
Ele parece mais resiliente e catatônico.
Caramelo é a luz refletida por ele,
e essa luz trouxe uma visão nunca pensada.

Quem dera entendesse mais a relatividade,
ser lançado no futuro e ver um lado do ipê:
a sua próxima estação traria enganação.
Apesar da resiliência, o tempo levou sua sinceridade.

Acorde

Em um 2πr infinito minha mente se conservava.

Ela tirava energia de lembranças que já morreram,
E esse alimento só faz sentido para um dos lados.

O foco era superar esse vício,
mas talvez tenha chegado o momento,
não de esquecer, mas de lembrar de si mesmo.
A decisão foi tomada, e era um dia ensolarado.

Fui cego pelo Sol,
mas pude ver a liberdade do pássaro.

Os novos botões precisam desabrochar.
As novas flores vão florescer no jardim.

Não espero mais respostas,
E, finalmente, livre da "culpa".

acostuMAR

Talvez tenha chegado a hora.

Uma nova oportunidade foi me dada:
ser diferente e fazer diferente.

365 dias esperando algo novo
nunca foi tão doloroso.

É hora da mudança.
Página 383,
última linha,
o último olimpiano.

De onde vem essa vontade?

Queria ser lembrado.

Olhando para trás, minha vida só teve falhas,
cheia de longas histórias,
pisando no girassol, tropeçando em livros,
injusto com palavras e com péssimas decisões.

Não sou um bom mentor,
nem mesmo um bom discípulo.
Comparado com o feito dos grandes,
minhas ações sempre foram insignificantes.

Uma história só é boa com uma grande reviravolta,
e eu queria uma redenção tão grande
que pudesse apagar minhas falhas.

Apoiado no meu próprio entendimento,
sou um aglomerado de moléculas que decepcionam.

Jovens

Já fui mais jovem do que sou.

Parecia mais correto.
Me questionava por que as pessoas eram más.
As revoltas eram mais frequentes,
os erros dos antepassados eram inadmissíveis.

As aparências não importavam tanto,
e a felicidade parecia mais acessível.

Até perceber que eu não me importo mais.
Sou reflexo de meu sangue.
Me deparo com a ânsia de ter,
e as aparências são a porta de entrada.
Remédios parecem ser a fonte da felicidade ou pelo menos neutralidade.

E então…
Esses dias me perguntei:
Por que as pessoas são más?
Até perceber que meu coração também estava doente.

Cresce

Mais do que consigo expressar em ações, 

Torno físico esses versos,

Versos que florescem e floresceram,

Mas ao custo de ações pútridas.

Culpa

 

Certamente os dias não foram os mesmos,

ligações em falta no anoitecer me jogaram no vazio,

as fazendas são vistas de outra forma,

retratos nunca revelados amargam o coração,

insisto em lembrar das promessas,

carrego no peito uma culpa que finjo ter perdão,

e o até mais nunca foi respondido.